sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Como a sociedade é hipócrita.

Além de ser preto, pobre e cheirar mal, o segurança ainda entrou no ônibus para repreendê-lo. Adivinhem para quem os passageiros do ônibus COLETIVO voltaram a sua atenção... Alguns minutos depois percebi certa movimentação, as pessoas em seu entorno começaram a se levantar e se aglomerar o mais distante possível, penso que deveria ser o cheiro de podre das suas roupas e o seu próprio odor. Desesperadamente os passageiros começaram a abrir as janelas, desprezando o frio matinal e o vento gelado. Como se não bastasse esses tipos de exclusão que ele já estava sofrendo, em dado momento, aproveitando que o motorista havia parado em um ponto em frente a uma praça conhecida por “abrigar mendigos”, o cobrador aproveitou-se do apoio da tensão geral, saiu confiante da sua poltrona, foi em direção ao fundo do ônibus, local em que o “indivíduo” encontrava-se sozinho, sofrendo uma outra forma de exclusão, e lhe disse: -“Você desce aqui.”... o indivíduo levantou-se, proferiu um “então tá gente boa” e saiu sem olhar para trás na certeza de que caso se voltasse o olhar muitos estariam aprovando a atitude do cobrador com os olhos e assim o recriminando novamente de alguma forma... e isso foi o que realmente aconteceu... e o cobrador-herói fez com que se voltasse a reinar a paz no SEU ônibus que deveria ser coletivo. Como a sociedade é hipócrita. Obs. 1: li o texto do Felipe Andreoli [do CQC não do Angra] sobre a hora do rush em São Paulo e lembrei-me dessa situação, que eu já tinha feito um rascunho no dia 25/09, mas deixei no meio das minhas coisas do estágio e não havia dividido com vocês ainda, enfim só queria dizer que sei o sentimento é o mesmo! Obs. 2: site do arquivo do Felipe Andreoli dia de hoje [09/10/09] http://felipeandreoliblog.blog.uol.com.br/arch2009-10-04_2009-10-10.html